CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA
As emoções e as relações interpessoais
Não há quem não tenha passado por aquele momento em que você diz algo e um ou mais colegas se zangam por não ter entendido a intenção proposta por você.
O problema maior é que na maioria das vezes você tenta explicar o que disse, mas acaba piorando a situação.
O que acontece é que não é o que você disse, mas o que a pessoa escutou que fez com que o contexto tivesse um peso que não precisava.
Pessoas são complexas e isso não é ruim, muito pelo contrário. Todavia, elas mesmas têm questões internas não muito bem resolvidas que, muitas e muitas vezes, decidem aparecer em momentos inapropriados, quando alguém diz ou faz algo ou mesmo quando vestem ou usam um perfume que as lembram de um acontecimento não muito legal.
Todos estes elementos: palavras, ações, perfume ou mesmo uma indumentária podem servir como gatilhos e fazer com que outra pessoa ou nós mesmos, extravasemos emoções que não serão bem vindas no momento.
A má notícia é que quando acontecem momentos como estes o pior que pode ocorrer é quando minimizamos a angústia de quem foi afetado. Sabe aquela frase de positividade tóxica que adoramos falar: “Ai, mas foi algo tão simples” ou “Logo vai passar, fica tranquilo (a)”, são atiçadores da fogueira da confusão, pois não ajudam em nada. Precisamos acolher quem se chateou e tentar explicar o que aconteceu depois que o sistema interno desta estiver menos hiperativado
Acredito que o que pode ajudar é fazermos a seguinte pergunta: Se fosse eu no lugar dela, como gostaria de ser tratado (a)? Esta pergunta pode nos guiar, o que acha?
Jamais devemos minimizar a experiência negativa do outro oriunda de algo que falamos ou agimos: “Nossa, isso não é tão importante”, porque pode ser relevante para ele ou ela. Também não utilizar de atitudes críticas: “Vixi, você parece uma criança”. Empregar a supressão, nem pensar! Por exemplo, usar a frase: “Controle-se”. É uma total falta de empatia. Não acha?
Outros recursos que geralmente usamos e que não são muito efetivos e nem construtivos são: Controle excessivo da situação – “Pode deixar que cuido disso”. Ou a obstrução, quando nos recusamos a ouvir. Também tentar solucionar o problema pode aumenta-lo: “Posso lhe dizer como eu faria nesta situação?”.
Qualquer um desses algozes só fazem com que nossos relacionamentos interpessoais se diluam, por mostrarem que estamos totalmente em desacordo com a realidade das pessoas ao nosso redor.
Tenho certeza que sabemos como agir de maneira contrária as descritas acima, não é mesmo?
Amo uma proposição do Carl Jung que diz: “(...) Quando tocar em uma alma humana, seja outra alma humana”.
Um fortíssimo abraço para você. Até a próxima!