Rádio


sexta-feira, 26 de julho de 2024

Geração ferrugem

                                  



SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA


                                                       Geração ferrugem

Em recesso, nas andanças com meu filho, observei em alguns batentes, nas praias capixabas, muitas manifestações de ferrugem. Comecei a pensar em quanto esforço é feito para lidar com esse elemento corrosivo. Limpamos, lixamos, passamos tinta e, mesmo assim, com o tempo esta pintura se eleva e demonstra que há algo se deteriorando por baixo.

Todo esse processo me fez criar uma metáfora para nossa geração. Uma geração que se sabota de maneiras diversas, buscando tantos meios de fuga, de estar no mundo, mas que está se deteriorando aos poucos.

Não é uma morte súbita, algo impulsivo, quase instantâneo. Não! É um lento esmorecer. Uma lenta corrosão que, quando percebemos, vai minando nossas forças quase que imperceptivelmente.

Por isso precisamos ficar alertas.

Que tipo de vida vivo? Será que está em consonância com o que realmente gostaria de estar vivendo? Talvez a grande pergunta que deveríamos levantar seria: O que realmente quero para minha vida?

E a partir deste questionamento, traçar um plano para que nossa existência tenha significado. Caso contrário, estaremos enferrujando. Ou pior, acreditando que estamos vivendo, quando na verdade, estamos apenas existindo.

E esta é uma condição que não gostaríamos de estar. Se não, precisamos criar novos conceitos de vida, que nos mobilizarão a novas ações, para assim, encontrarmos um caminho mais trajetável para a vida.

E isso não é uma tarefa de outro mundo. Precisamos questionar tudo. A partir daí, buscar entender, por meio de caminhos possíveis, como conduzir a existência para um lugar mais tranquilo, mesmo em meio ao caos.

E este lugar tranquilo pode ser traduzido como as crenças que tenho para minha vida e que, muitas vezes, não são entendidas por muitos, mas que fazem minha vida ter significado.

O que precisamos entender é que, saindo do perigo da corrosão da ferrugem, qualquer caminho que me faça melhor, que se coadune com o que acredito e que transforme meu olhar para o mundo e para as pessoas sempre visando o bem, este é o percurso que quero tomar. E quem quiser que me siga.

Um grande abraço para você!

Instagram: eduardo_baunilha_psicanalista

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Marco Nanini chega a Uberlândia com o espetáculo ‘Traidor’

   Marco Nanini chega a Uberlândia com o espetáculo ‘Traidor’


Monólogo dirigido por Gerald Thomas será encenado nos dias 03 e 04 de agosto


Foto: Matheus Jose Maria

Em um cenário repleto de ruínas e uma escultura hiper-realista, o ator é atormentado pela solidão e por reflexões. Um personagem confuso e perdido nos próprios pensamentos da era contemporânea. Esse é o mote do monólogo “Traidor”, interpretado por Marco Nanini e dirigido por Gerald Thomas, parceria teatral que está de volta após 18 anos e que será encenada no Teatro Municipal de Uberlândia nos dias 03 e 04 de agosto, sábado às 20h e domingo, às 18h.


O espetáculo que mistura drama e comédia usa luzes e músicas nas separações dos devaneios de Nanini. O público pode acompanhar os cenários criados pelo personagem e se aproximar dos delírios, como alguém que está perto de enlouquecer. Além disso, figurantes e uma voz auxiliam o fluxo da peça e contribuem para a confusão mental, visto que contradizem alguns pensamentos dele.


Foto: Matheus Jose Maria


Na complexidade teatral, o intérprete quer encontrar a origem da tragédia, com base nas obras de escritores como Shakespeare e Kafka, na tentativa de explorar a condição humana, marcada por angústias e medos na contemporaneidade causados pelo campo virtual.


Embora esteja com 75 anos de idade, a presença de Nanini no palco ultrapassa a limitação do tempo. Com a habilidade e experiência, ele dá vida a um papel que, de acordo com ele, é desafiador e diferente. O talento demonstra a versatilidade do ator, que vai além das expectativas tradicionais de um papel.


Foto: Matheus Jose Maria


Sinopse

“Traidor” é uma montagem sobre “o ator” e, consequentemente, sobre a humanidade. O espetáculo tem forte influência da primeira peça da dupla Nanini/Thomas, “Um Circo de Rins e Fígados”, estrelada há 18 anos. “Traidor” cita, em algumas cenas, o primeiro sucesso, mesmo que o mote da apresentação atual seja outro. Desta vez, Nanini fica isolado em uma ilha, é acusado de algo que ele não cometeu e dialoga com a própria consciência.


Foto: Matheus Jose Maria


SERVIÇO:

Traidor

Data: 03 e 04 de agosto

Horário:  Sábado, às 20h e Domingo, às 18h

Local: Teatro Municipal de Uberlândia – Av. Rondon Pacheco, 7070.

Vendas antecipadas:

- Site Megabilheteria.com (24 horas e com taxa se conveniência) https://megabilheteria.com/evento/temporada?id=20230228110938 

Loja Inclusive Brechó, na Av. Cesário Alvim, 396 – Centro (aberta das 9h às 18h, de segunda a sexta e das 9h às 14h aos sábados - estacionamento conveniado ao lado)

Provanza Pátio Vinhedos, Av. dos Vinhedos, 50 - 18 – Jardim Karaíba (aberta das 10h às 19h, de segunda a sábado)

Sala Uberlândia na Rota das Culturas, Uberlândia Shopping - Av. Paulo Gracindo, 15, segundo piso, próximo ao Café do Ponto.

Classificação indicativa:  16 anos

Duração: 50 minutos

Gênero: Drama

Realização: Uberlândia na Rota das Culturas


FICHA TÉCNICA

Elenco: Marco Nanini

Texto, direção e concepção visual: Gerald Thomas

Iluminação: Wagner Pinto

Cenografia: Fernando Passetti

Figurinos: Antonio Guedes

Direção Musical e Trilha Sonora: Alê Martins

Direção de Movimento: Dani Lima

Assistente de Direção: Samuel Kavalerski

Direção de Produção: Fernando Libonati

Coordenação de Produção: Carolina Tavares

Produção local: Uberlândia na Rota das Culturas – Carlos Guimarães e Maíra Pelizer

Assessoria de imprensa local: Cristiane Guimarães

segunda-feira, 8 de julho de 2024

O desaparecimento do descanso

                           



SAÚDE TOTAL

CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA


                               O desaparecimento do descanso

Enquanto alguém que pratica a psicanálise em um consultório, jamais ouvi tantos testemunhos de pessoas cansadas, exaustas ou até esgotadas. E pode parecer até estranho visto que temos muito mais facilidades hoje do que antigamente.

Mas o que acontece é que a cultura presente vem nos incitando a ter o que é chamado de hiperatenção, ou seja, uma atenção voltada para mudanças bruscas de foco entre diversas atividades, processos e informações, ou melhor dizendo, nos afunda na dispersão.

Atendendo um adolescente de 12 anos fiquei curioso com o relato de tantas atividades que ele realizava durante a semana. O perguntei se ele não tinha tempo para um momento de calmaria, em que poderia deitar no sofá, sem se preocupar em fazer qualquer coisa. Ele respondeu que não conseguiria fazer isso, pois o tédio o envolveria e, ele entraria em angústia. Tenho que confessar que fiquei extremamente preocupado. Não somente com ele, mas com toda uma geração que tem feito do descanso uma prática inexistente.

Temos uma geração de inquietos. Não posso deixar de contar de uma outra adolescente que atendia. Esta jovem durante a sessão fazia objetos de papel e quanto não estava envolvida nesta atividade, lixava as unhas. Não conseguia focar totalmente na análise.

O que mais é terrível de se pensar é que os inquietos nunca foram tão valorizados. As pessoas falam com orgulho de diversas ocupações que realizam. O que é importante é que é somente na contemplação, na quietude, que conseguimos elaborar situações desafiadoras. É na ponderação que encontramos caminhos para situações que ora parecem difíceis demais de serem resolvidas.

Não é por acaso que a violência encampa na sociedade de forma avassaladora. Segundo Byung-Chu Han, caminhamos para uma nova barbárie. E não é muito difícil de dar veracidade as palavras do filósofo quando vemos as notícias terríveis e sangrentas que pululam ao nosso redor o tempo todo.

Como poetizou Paul Cézanne, precisamos sentir o cheiro das coisas. Isso só é possível quando freamos nossa vida impulsiva, entendendo que é somente nesta condição que conseguiremos ter uma sociedade uma pouco menos caótica.

Um fortíssimo abraço para você!


Instagram: eduardo_baunilha_psicanalista

Pais e mãe emocionalmente imaturos

                                 SAÚDE TOTAL CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA                     PAIS E MÃES EMOCIONALME...